Estou perto da porta da sala de jantar, sentada no sofá em uma posição diferente das habituais, para descansar a perna que está em uma tala, desde a cirurgia.
Estou muito nostálgica, escuto música e vejo na parede os pratos de coleção pendurados, dispostos caprichosamente sobre o buffet. Vejo também candelabros antigos que aguardam a compra de velas que sejam condizentes com sua antiguidade – precisam ser especiais, não servem as comuns.
Vejo, também, uma aquarela feita por mim, na parede ao lado. Aquarela que foi feita sem emoção. Acho um quadro feio, porque está ali???
As horas escorrem lentas, passam por mim como se eu fosse algo sem importância, jogada num sofá com o olhar vago, num vazio estéril.
A música que enche a sala mexe com minhas emoções e recordações, não sei o que vai acontecer comigo daqui para a frente. Me vejo presa a uma situação de imobilidade física devido a uma queda muito simples, com conseqüências muito graves e, se Deus assim o permitir, sequelas nenhumas.
As lágrimas escorrem facilmente, o momento é difícil, o “não sei” é o meu presente.
Olho tantas coisas ao meu redor, tudo tem significados tão diferentes, ora com recordações muito intensas, ora sem valor algum. Nesse instante parece tudo tão estranho,.... pareço uma estranha nesse ninho.
Meu reino é a sala da minha casa. Aqui tenho, de momento, tudo o que preciso para sobreviver nesses tempos de espera...do telefone ao batom.
O verde do jardim me acolhe, me abraça e enche os meus olhos. As folhas das árvores, dançando ao sabor do vento, refletem a luz do sol, numa dança sem ritmo, mas com um balanço harmonioso. Se nós permitirmos que os ventos nos balancem no ritmo da vida, refletiremos as luzes da nossa alma, espalhando sensação de bem-estar, de harmonia e de conforto ao coração.
Mas nesse momento me sinto muito emocional, estranha, intensa... o mundo cabe dentro de mim.
28/01/2002
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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